“QUEM PERDE A SUA VIDA POR CAUSA DE MIM, VAI ENCONTRÁ-LA”
(Mt 10,39)
Olá amigo(a) Sentinela da Manhã!!! Nosso bate-papo de Domingo acontece ao mesmo tempo em que estou aqui, na Bahia, para o Encontro Regional de Jovens da RCC do Nordeste Brasileiro. Nesta terra de Porto Seguro, tendo aos fundos o Monte Pascoal, celebrou-se pela primeira vez a Santa Eucaristia na terra de Santa Cruz. Daqui destas terras baianas, partiram muitos e muitos missionários, franciscanos e jesuítas, para anunciar o Evangelho aos povos indígenas. Daqui partiram o Bem-Aventurado José de Anchieta, Apóstolo do Brasil, e o Pe. Manuel da Nóbrega, grande missionário e pregador.
Fico imaginando como deve ter sido “muito doido” para aqueles missionários. Sair de sua terra, a Europa, que na época era o lugar mais desenvolvido tecnologicamente no mundo, e vir para um lugar completamente desconhecido, sem os confortos da terra mãe, para pregar o Evangelho. Amaram mais a Jesus Cristo do que seus pais, sua terra, sua vida confortável...
Ao pensar nisso, lembro-me de muitos santos que, deixando sua terra natal, desbravaram as fronteiras da fé: S. Francisco Xavier, apóstolo da Ásia; S. Antônio de Pádua, que foi até a África para anunciar Jesus Cristo aos mouros; S. Pedro Chanel, evangelizador da Oceania, martirizado por causa de Jesus Cristo; S. Roque Gonzales, martirizado na região do Rio Paraná (sul do Brasil, Paraguai e Argentina), entre outros... A lista poderia seguir até atingir nossos dias, com tantos e tantas que deixam o conforto de sua terra e resolvem abraçar a cruz de Cristo e anunciá-lo mundo afora, até o derramamento de sangue.
O que faz uma pessoa “perder a vida” pela causa de Jesus Cristo? O que leva a tantos homens e mulheres esquecerem de si mesmos para ir ao encontro de pessoas que, muitas vezes, rejeitam a mensagem cristã? Seriam pessoas doentes que se afeiçoaram à dor e ao sofrimento?
A pergunta pode se voltar a nós: porque ainda insistimos em crer em Cristo quando todo mundo à nossa volta nos incentiva ao contrário? O que nos move a participarmos desta Igreja mesmo quando somos motivo de chacota diante de nossos colegas de trabalho e estudo, quando não de nossos próprios familiares? Porque? Somos masoquistas?
Porque é BOM!!!
“Não perderá a sua recompensa” (Mt 10, 42)
Sim!!! É bom seguir a Jesus Cristo! Vale a pena! Nossos bispos, reunidos em Aparecida, afirmaram: “Conhecer a Jesus Cristo pela fé é nossa alegria; segui-lo é uma graça, e transmitir este tesouro aos demais é uma tarefa que o Senhor, ao nos chamar e nos eleger, nos confiou. Com os olhos iluminados pela luz de Jesus Cristo ressuscitado podemos e queremos contemplar o mundo, a história, os nossos povos da América Latina e do Caribe e cada um de seus habitantes.” (Doc. de Aparecida, 18). E em outra passagem, nossos pastores afirmam: “queremos expressar a alegria de sermos discípulos do Senhor e de termos sido enviados com o tesouro do Evangelho. Ser cristão não é uma carga, mas um dom: Deus Pai nos abençoou em Jesus Cristo seu Filho, Salvador do mundo.” (idem, 23).
Ser cristão é bom!!! Não é um peso, não é uma carga! A melhor coisa que aconteceu em nossas vidas foi termos conhecido a Jesus Cristo! Sua vida nos encheu de vida, seu amor nos consagrou ao amor do Pai! Seu Sopro de Vida, o Espírito, nos encheu de alegria! Fomos mergulhados nele. Com justiça, São Paulo nos exorta: “Assim, vós também, considerai-vos mortos para o pecado e VIVOS para Deus, em Jesus Cristo” (Rm 6, 11).
Às vezes eu acho que muitos de nós nos acostumamos demais com a primeira parte da fala de Jesus e ficamos apenas nela: “tome a sua cruz”. É claro que cruz não é algo “gostoso”. É sofrimento... É dureza da vida. Ninguém vai achar a perseguição algo prazeroso. Mas Jesus não falou nada com relação ao “queixar-se” da cruz... Ele não disse pra ficar lamentando a cruz. Ele não disse que segui-lo iria tirar o brilho de nossos olhos e a alegria de nosso coração. Ele disse: “quem perde a vida, esse a ENCONTRA”.
Não é incomum encontrarmos cristãos queixosos... Chorosos... Como se tivessem que DEMONSTRAR ao mundo o quanto sofrem, o quanto estão crucificados com Jesus... O quanto estão carregando a cruz cada dia... Perguntamos: “Irmão, como está a missão?” E logo nos vem a resposta: “Tá duro...”, “Tá corrido...”, “Tá sofrido”... E então desfia-se uma ladainha de reclamações: é o padre, o bispo, o coordenador, ou outro motivo pra queixas e mais queixas, lamúrias em cima de lamúrias. Dia desses, eu questionei um colega padre que estava nesta situação queixosa:
- “Meu irmão, se está assim tão difícil, se há 10 anos você está neste trabalho e só há queixas, porque não pede ao bispo pra te transferir para que você possa fazer outra coisa?”
Ao que ele me respondeu, após um instante de silêncio:
- “Não vou pedir isto, porque eu GOSTO do que faço!”
Não é que este meu amigo padre gostasse de sofrer, mas é que ele, eu e muitos de nós parece termos aprendido a apenas nos queixar, como se precisássemos mostrar aos outros cristãos que estamos crucificados, que padecemos, que sofremos... E nos esquecemos de reforçar outro aspecto: vale a pena seguir Jesus Cristo!
Na verdade, só vale a pena enfrentar a cruz, porque imediatamente (e não depois) nós temos a recompensa. Ninguém sofre privações na vida se não tem a certeza de que vale a pena! Os missionários citados acima JAMAIS deixariam a sua terra se a missão não lhes trouxesse enorme alegria, a ponto de suportarem todas as privações que se lhes sobrevinham. A cruz é caminho, não meta. O sofrimento é o efeito colateral, não o principal. O que Deus deseja de nós é que vivamos, não que morramos. E mesmo que isto exija renúncias, sofrimentos, cruz e até mesmo o martírio, “os sofrimentos do tempo presente não têm proporção com a glória que há de ser revelada em nós.” (Rm 8,18).
Nosso foco, nosso peso, o acento precisa mudar! Não somos discípulos de um deus da morte, mas de um DEUS VIVO! E vida é alegria e esperança. E da cruz, apenas nos GLORIARMOS, como nos ensina São Paulo!
“Uma gota de mel atrai muito mais abelhas que um barril de vinagre”
“Para que, como Cristo ressuscitou dos mortos, assim também nós levemos uma vida nova” (Rm 6,4)
No mesmo discurso em que o Senhor nos fala da cruz, ele nos ENVIA EM MISSÃO. “Quem vos recebe, a mim recebe” (Mt 10, 40). E o que vamos levar? O que anunciamos ao mundo? Anunciamos que NÃO HÁ MAIOR ALEGRIA QUE DAR A VIDA! Sim, meus amigos!!! Seguir a Jesus, anunciá-lo ao mundo, viver seu Evangelho, ser Igreja é BOM DEMAIS!
Nenhuma alegria deste mundo, por mais eufórica que seja, poderá superar a alegria de seguirmos a Jesus Cristo. E é por isso que suportamos qualquer privação! Ser cristão é muito bom! Tão bom que vale a pena deixar o mundo, até mesmo pai e mãe, pra viver essa graça! O mundo de pecado não necessita de profetas da amargura, que apenas anunciam condenações, desgraças, morte e sofrimento. O azedume não atrai ninguém. Este mundo de pecado precisa saber que a parca alegria de que goza pode ser infinitamente superada por uma alegria imensamente maior! Ninguém vai deixar o mundo se não perceber que seguir o Cristo é muito melhor! E nós sabemos que é melhor! Não temos o direito de esconder isto das pessoas.
A Sentinela da Manhã não anuncia as trevas! Ela anuncia a Luz, por mais que viva ainda no escuro! Ela passa a noite em claro, sob total vigilância, porque SABE que a luz chegará! Nesta Eucaristia, a festa da Ressurreição, na qual nos alimentamos da Palavra da Vida e de seu Corpo e Sangue, sejamos nós inflamados de um zelo tão grande pela obra do Senhor, que possamos comunicar ao mundo esta vida tão boa que nosso Deus nos dá!
(Pe Alex- Diretor Nacional do Ministério Jovem)
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